Olá Aventureiros. Trazemos mais uma nova história do nosso querido João Norberto, da série Domínio Mítico. Presente em sua página do Facebook, nesta postagem. Se quiser conhecer outro conto do mesmo autor que já foi feito episódio aqui no Bardos do Infinito, basta ir no Episódio 03 das Crônicas Heroicas - Resgate: Chamas Internas. Acompanhe o conto abaixo com o episódio. Domínio Mítico: Bem Vindo à Selva Ainda era possível ouvir os últimos acordes da música do Guns N’Roses que vinha de um carro estacionado perto de uma ruela, próxima à rua Cravinos, localizada num dos bairros mais violentos de Manaus. - Qual o seu nome? - Eu sou… Aram… Só Aram… - Certo “Só Aram”… Espero que deseje cooperar… Senão, bem, digamos que você não vai gostar de me ver nervoso… Por isso… Se importa em dizer o que você faz da vida? E exatamente o que é você? Uma pergunta que soaria estranha, se viesse de um policial comum, mas extremamente adequada, quando era proferida por uma criatura meio humana meio símio. Um dos guardiões de Manaus. - Olha senhor Aram, a sua situação está bem complicada aqui… Por isso, gostaria mesmo que o senhor pudesse nos ajudar, primeiro respondendo decentemente qual tipo de Mítico você é? E o outro guardião, que tentava esconder suas pernas de bode, ou melhor, de Sátiro, com calças largas demais, assumia a posição de “tira bom”, clássico de filmes policiais que Aram vira na infância e juventude. Aquela dupla não estava impressionando-o. Ele olhou ao redor, vendo a bagunça que tinha feito em poucos minutos naquele beco, as paredes cheias de restos de órgãos enegrecidos, imensas poças de sangue escuro, também salpicado por todo lado, um corpo semidestruído caído no chão imundo. Mas o que realmente lhe chamava a atenção era a criança desmaiada, seu corpinho apoiado na guia da calçada, entre alguns chumaços de grama mal cuidada. - Já percebemos que o menino está bem… Estamos mantendo-o desacordado para seu próprio bem… Você sabe o que o Lorde Belchior faria com uma testemunha como ele? Um pivete humano, provavelmente sem pai nem mãe, que ninguém daria falta? Aram permanecia o mais calmo possível. Não era fácil. - Por isso desembucha logo cara! O que diabos aconteceu aqui? Instintivamente Aram cerrou seu punho direito e os dois guardiões poderiam jurar que as cicatrizes que ele trazia na região do peitoral e em boa parte dos braços pareciam emanar uma fraca luz azulada. - Eu… - Ele piscou várias vezes, dissipando a mesma energia que ia se formando ao redor de seus olhos - Eu vou contar… E ele contou. Aram havia saído de um bar nas proximidades da rua Cravinos, após algumas canecas de uma cerveja que, segundo ele, mais parecia mijo de dragão. Andava a esmo, sem parecer que ia a algum lugar de fato. Na verdade ele estava procurando briga. Naquela região de Manaus o que não faltava era a chance de alguém querer lutar por qualquer motivo, desde alguma ofensa séria, até mesmo, e principalmente, pelos mais fúteis. Uma esbarrada muitas vezes podia acabar em morte. Aram seguia andando na rua, próximo da calçada, encarando cada sujeito sentado nas soleiras das portas das casas. Moradas simples, que permaneciam todas abertas devido ao calor absurdo da noite. Alguns mais mau encarados, se encontravam jogando sinuca ou bebendo pinga nos barzinhos fuleiros aqui e ali, mas ainda assim ninguém parecia disposto a comprar uma briga. Quando já estava desistindo, parou num poste cuja luz havia sido destruída a um bom tempo, para aliviar a bexiga. Ao longe começava a tocar uma música, provavelmente no carro que ele vira estacionado ali perto, com várias pessoas ao redor, mas o que chamou a atenção de Aram foi que, ao invés dos funks que estava acostumado a ouvir em aglomerações como aquela, a música era da banda Guns N’ Roses. “Welcome to the Jungle”. Mal havia terminado o que fora fazer no poste, sentiu um puxão de leve às suas costas,