A’uwê Uptabi – Xavante
Mato Grosso
Tempo de contato: 75 anos
Tronco linguístico Macro-jê
Aproximadamente 23 mil pessoas
O povo Xavante se autodenomina A’uwê Uptabi – “gente verdadeira”. É guerreiro e
caçador. Vive nos vastos campos do cerrado, desde que os ancestrais
atravessaram o rio das Mortes há quase 200 anos. Resistiram bravamente à
entrada das frentes de atração na década de 1940, atacando com flechas e
bordunas os aviões que sobrevoavam a aldeia. A pacificação dos “warazu” – os
estrangeiros – se deu a partir de 1946, durante a Grande Marcha para o Oeste,
iniciada no governo de Getúlio Vargas (1930-1945).
Apesar de terem nove Terras Indígenas demarcadas, em diferentes municípios do
estado do Mato Grosso, cada uma delas lida com diferentes ameaças ao patrimônio
físico e cultural, com interferência de religiões, agronegócio, projetos de
desenvolvimento e avanço das cidades.
Os A’uwê são de uma linhagem antiga, vieram da raiz do céu. Os homens usam o
brinco e a gravata cerimonial de algodão. Homens e mulheres se pintam com
jenipapo, carvão e urucum, tiram as sobrancelhas e os cílios, usam cordinhas nos
pulsos e pernas. O corte de cabelo, os adornos e pinturas dão identidade ao povo
Xavante que segue praticando seus rituais de formação dos jovens e iniciação
espiritual. O sonho direciona a vida, dá o rumo, a orientação, responde a todas as
questões. É no sonho que chegam os cantos, transmitidos pelos ancestrais e
partilhados com todo o povo da aldeia.
A cerimônia de furação de orelha é um marco para toda a comunidade. Acontece a
cada 5 anos, quando os meninos que ficaram reclusos na casa dos solteiros
completam seu aprendizado dos princípios da tradição.
Nagakura-san ficou impressionado com a força e determinação do povo e com o
sentido de vida coletivo. As imagens revelam essa admiração nas danças circulares
e no grupo de homens deitados no pátio central, reunidos para sonharem juntos.
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