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No conto "O caso da vara", de Machado de Assis, conta-se a história de Damião, seminarista avesso à vida religiosa. Tanto desgostava do futuro que lhe fora imposto, que um dia foge de seminário e busca abrigo na casa de Sinhá Rita, amiga da família (se voltasse pra sua casa, o pai decerto o mandaria de volta para o seminário).

No conto "Decadência de dois grandes homens", o leitor conhece a história de dois homens, Jaime e Miranda, que se conhecem num café no Rio de Janeiro. Mais velho, Jaime convida Miranda para ir a sua casa, onde conta que ele é Marco Bruto, assassino de Júlio César, que, por sua vez, está incorporado no seu gato...

O conto "Eterno!", de Machado de Assis, traz ao leitor uma história de amor bem fiel ao estilo do autor, isto é, apesar de ser "de amor", foge ao romantismo convencional. Uma literatura de alto nível que, ao mesmo tempo, diverte e faz refletir sobre a sociedade, nas interações do narrador e dos personagens Norberto e Iaiá Lindinha.

O leitor encontra neste conto "O diplomático", de Machado de Assis, um tema recorrente no conjunto de sua obra: as fraquezas humanas. Como enredo, lê-se nele a história do personagem Rangel, cujas ações, pífias, não correspondem aos sonhos de grandes dimensões que tem.

No conto "A Sereníssima República", Machado de Assis tece uma crítica mordaz ao processo político-eleitoral de seu tempo, crítica essa válida em sua plenitude ao que o leitor assiste na terceira década deste século XXI. Como de praxe, o autor faz uso de uma exploração psicológica, categorizando animais segundo suas qualidades, fixando um paralelo com os vícios e virtudes dos políticos e do povo.

Em "O cônego ou metafísica do estilo", narra-se a história do cônego Matias, que em vão tentava concluir o sermão que vinha escrevendo, pela falta de um adjetivo. Em "Um apólogo", o diálogo dos personagens, uma agulha e um novelo de linha, serve de base a uma crítica social, notadamente à inveja e ao ciúme.

No conto "Aires e Vergueiro", Machado de Assis traz o mote recorrente do triângulo amoroso. Carlota é esposa de Vergueiro, mas acaba se envolvendo com Aires. O grupo planeja vender seus bens e viver viajando. Buscam fazê-lo com discrição, então Vergueiro vai para Buenos Aires, para esperar que Aires e Carlota aí o encontrem. Mas estes têm outo plano...

"Ponto de vista" é um conto singular no conjunto das obras de Machado de Assis, sobretudo por ter uma narradora mulher e ser escrito em forma de cartas – uma narrativa epistolar. Os personagens que trocam cartas são Luísa e Raquel, além de Alberto, que se corresponde com esta última. Casamento e dissimulação são os temas brilhantemente tratados pelo autor.

No conto "O enfermeiro", de Machado de Assis, o enredo gira em torno do protagonista Procópio, copista de estudos teológicos de 42 anos que recebe uma proposta de emprego que pode mudar sua vida: trabalhar como enfermeiro no interior, para o idoso – e rico - Coronel Felisberto.

"A geração de hoje não viu a entrada e a saída do cabriolet no Rio de Janeiro." Entre melancólico e irônico, o conto tem início com o serviço prestado pelo sacristão da igreja de São José: levar a unção dos enfermos a dois moribundos, na casa do comendador Brito. A história dessas pessoas, no entanto, o surpreende.

Leve, o conto "A Última Receita" narra a história de Paula, jovem viúva que, a certa altura, é diagnosticada pelo médico Dr. Avelar com uma constipação grave. Sua velha e surda tia passa a desconfiar das visitas diárias que o médico faz à sobrinha, suspeitando que ela estivesse interessada nele. Depois de alguns meses sem melhoras da doença, o Dr. Avelar finalmente descobre a verdadeira causa dos males da viúva.

Os personagens Rufina Soares e Gil Gomes estão no centro do enredo do conto "Conversão de um avaro". Nele, Machado de Assis brilhantemente explora a psicologia de seus personagens, com destaque para a sedução: olhares, beliscões e apertos de mão trocados ilustram bem essa característica. Será que sovinice do comerciante de colchões será vencida pela viúva?

Em "Flor anônima", narra-se a vida de Martinha, mulher solteira de 43 anos. Quando volta de um casamento, Martinha abre a caixa onde guarda as cartas que recebia dos pretendentes quando era jovem e reflete sobre sua condição. Já em "Folha rota", Machado de Assis traz ao leitor o cotidiano de mulheres livres e pobres: Luísa, 18 anos, órfã, vive com sua tia Ana Custódia. As duas costuram para sobreviver.

O conto "A Viúva Sobral" tem por enredo a história do casamento de um homem com a viúva conhecida como "Sobral". O suspense que permeia a trama diz respeito a uma característica singular da mulher: apesar de ser muito bonita, é tida como uma pessoa de gênio excepcionalmente forte... e que teria sido responsável pela morte do marido.

Em "Como se inventaram os almanaques", Machado de Assis elege o Tempo, assim, com inicial maiúscula, como protagonista, fazendo-o dialogar com uma jovem. Em "Curta história", a personagem central é a jovem Cecília, que amava Juvêncio, mas... acaba se apaixonando por Rossi, ator que interpreta Romeu no teatro.

De um sentimentalismo tocante, o conto "Cantiga velha" traz uma defesa contundente das antigas cantigas populares, em contraponto aos modismos da época em que o texto foi ecrito – a polca, por exemplo. Como enredo, Machado de Assis faz um recorte na vida de um grupo de amigos, no momento em que conversam sobre o tema, e um deles lembra uma quadrinha romântica.

Tem-se aqui não um, mas uma coletânea de contos que apresentam os perfis de cinco mulheres bem diferentes. Seu traço comum? O sofrimento. Machado de Assis faz aqui um registro singular do papel feminino na sociedade brasileira do final do século XIX. As cinco mulheres são: Marcelina, Antonia, Carolina, Carlota e Hortência

Neste genial conto de Machado de Assis, a protagonista Maria Regina ama simultaneamente dois homens, Maciel e Miranda, o primeiro mais jovem, o segundo na meia-idade. O toque de mestre se verifica na correspondência que se estabelece entre os nomes das partes do conto e os acontecimentos narrados. A trilha sonora? É a sonata, que perpassa o texto todo.

Pestana desejava compor obras clássicas, mas seu sucesso vinha mesmo era das polcas, logo assobiadas pelo povo. Em "Um homem célebre", o narrador faz um recorte no dia a dia do compositor Pestana, frustrado por não ver realizado seu desejo. Bem humorado, o conto apresenta a ironia do destino que o persegue.

Em "Último capítulo", o narrador Matias Deodato de Castro e Melo resume sua autobiografia de... suicida! Externando sua vontade de que os seus bens favoreçam de modo singular os desafortunados, ele busca explicar seu testamento. Tudo isso com a melhor metalinguagem de Machado de Assis, que pela voz do narrador vai tecendo comentários sobre o próprio texto.